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sábado, janeiro 31, 2004

 
Antes que o verão chegue

Antes que o verão chegue
e as longas tardes
se espalhem pelo coração
e te prendam ao desgaste habitual
toca uma palavra
para que permaneça
na minha boca
onde mais ninguém
possa ficar confundido.
Uma apenas.

E vê como pesa menos sobre o silêncio
a sombra que vais mover.



Vasco Ferreira Campos

 
my immortal


I'm so tired of being here
Suppressed by all my childish fears
And if you have to leave
I wish that you would just leave
'Cause your presence still lingers here
And it won't leave me alone

These wounds won't seem to heal
This pain is just too real
There's just too much that time cannot erase


When you cried I'd wipe away all of your tears
When you'd scream I'd fight away all of your fears
I held your hand through all of these years
But you still have
All of me

You used to captivate me
By your resonating life
Now I'm bound by the life you left behind
Your face it haunts
My once pleasant dreams
Your voice it chased away
All the sanity in me

These wounds won't seem to heal
This pain is just too real
There's just too much that time cannot erase


I've tried so hard to tell myself that you're gone
But though you're still with me
I've been alone all along



evanescence

quinta-feira, janeiro 29, 2004

 
terra ingrata , espúria e mesquinha entre todas ,
jamais voltarei a ti (...) ah ilustre do texto:
quatro braços , lágrimas de vidro:
justamente duas lâmpadas fundidas ,
há que ir comprar outras à loja:
abrirás o livro do Poeta e lerás alguns versos enquanto te despes:
depois , puxarás o cordão da persiana sem um olhar para a costa inimiga ,
para a venenosa cicatriz que se estende do outro lado do mar:
o sono pesa-te nas pálpebras e fechas os olhos:
sabe-lo bem , não te restam dúvidas:
amanhã será um novo dia , a invasão recomeçará


Juan Goytisolo



quarta-feira, janeiro 28, 2004

 
o último dia das noites
de sanha em meu torno
foram a fuga a uma acuidade
motriz

revelada por uma pungente
cor púrpura

que ao longe
se desloca sob flâmulas
aduzidas em nós

na angústia da febre

na margem dos rios

na água do tempo que transparece

na mágoa dos olhos

quando a verdade
é o pior
dos momentos falsos.

nuno travanca



 
Cardona! Cardona!
Tivesse sido eu e ia de
CANA!


momento celestial

domingo, janeiro 25, 2004

 
La noyée


Tu t'en vas à la dérive
Sur la rivière du souvenir
Et moi, courant sur la rive,
Je te crie de revenir
Mais, lentement, tu t'éloignes
Et dans ma course éperdue,
Peu à peu, je te regagne
Un peu de terrain perdu.

De temps en temps, tu t'enfonces
Dans le liquide mouvant
Ou bien, frôlant quelques ronces,
Tu hésites et tu m'attends
En te cachant la figure
Dans ta robe retroussée,
De peur que ne te défigurent
Et la honte et les regrets.

Tu n'es plus qu'une pauvre épave,
Chienne crevée au fil de l'eau
Mais je reste ton esclave
Et plonge dans le ruisseau
Quand le souvenir s'arrête
Et l'océan de l'oubli,
Brisant nos cœurs et nos têtes,
A jamais, nous réunit.

de Gainsburg, interpretada por Carla Bruni

 
Podia ser BB mas não, é a FF: Fátima Felgueiras que está no centro das atenções. Se entrar em Portugal é automaticamente detida pelas autoridades militarizadas, no entanto a justiça confere-lhe o direito de cumprir o seu mandato como presidente da câmara.

zulu abstrai-se e vai ao encontro de ary dos santos nos seus slogans publicitários para tentar descomprimir : " Halazon, a melhor invenção depois do beijo"

 
Amor

Aqueles olhos aproximam-se e passam.
Perplexos, cheios de funda luz,
doces e acercados, dominam-me.
Quem os diria tão ousados?
Tão humildes e tão imperiosos,
tão obstinados!

Como estão próximos os nossos ombros!
Defrontam-se e furtam-se,
negam toda a sua coragem.
De vez em quando,
esta minha mão,
que é uma espada e não defende nada,
move-se na órbita daqueles olhos,
fere-lhes a rota curta,
Poderosa e plácida.

Amor, tão chão de Amor,
Que sensivel és...
Sensível e violento, apaixonado.
Tão carregado de desejos!

Acalmas e redobras
e de ti renasces a toda a hora.
Cordeiro que se encabrita e enfurece
e logo recai na branda impotência.

Canseira eterna!
Ou desespero, ou medo.
Fuga doida à posse, à dádiva.
Tanto bater de asas frementes,
tanto grito e pena perdida...
E as tréguas, amor cobarde?
Cada vez mais longe,
mais longe e apetecidas.
Ó amor, amor,
que faremos nós de ti
e tu de nós?

Irene Lisboa

 
"Arabesque" de Jane Birkin, esteve na culturgest. Jane foi companheira do poeta Serge Gainsburg durante doze anos.
A cantora ficou célebre com o dueto "je t´aime ...moi non plus!". A canção escrita por Serge para Brigitte Bardot e interpretada por estes ficou celebrizada de facto pela versão de Serge Gainsburg e da inglesa Jane Birkin.

Je t'aime moi non plus

-Je t'aime je t'aime
Oh, oui je t'aime!
-Moi non plus
-Oh, mon amour...
-Comme la vague irrésolue
Je vais je vais et je viens
Entre tes reins
Et je
Me re-
Tiens
-Je t'aime je t'aime
Oh, oui je t'aime!
-Moi non plus
-Oh mon amour...
Tu es la vague, moi l'ile nue
Tu va et tu viens
Entre mes reins
Tu vas et tu viens
Entre mes reins
Et je
Te re-
Joins

-Je t'aime je t'aime
Oh oui je t'aime!
-Moi non plus
-Oh, mon amour...
-L'amour physique est sans issue
Je vais et je viens
Entre tes reins
Je vais et je viens
Et je me retiens
-Non! main-
Tenant
Viens!

Serge Gainsbourg


 
Os zero 7 vão actuar dia 4 de Abril no coliseu de Lisboa e dia 5 no coliseu do Porto. "When It Falls" , é este o nome do álbum que vêm apresentar a Portugal. O álbum estará disponível a partir de Março.

zulu está curioso para saber como vai ser este "When it falls" , depois do "simple things" de 2001.

 
esta esquisita prova me tentou
de tecer um rumor em muros de água
ossos de terra calcinada
o jugo

culpado me castigo com engenho
e da voz desenhada o artifício
restos de pele antiga
no laço da armadilha

em silêncio me muro e me demoro
no cálculo de rotas inexactas

um duro arbítrio quer que me desprenda
dos cinco ou mais sentidos
vou ser livre na terra desnudada
vou dizer o que sei como quem mente.

antónio franco alexandre

sábado, janeiro 24, 2004

 
Porque sou o cavaleiro andante
Que mora no teu livro de aventuras
Podes vir chorar no meu peito
As mágoas e as desventuras

Sempre que o vento te ralhe
E a chuva de maio te molhe
Sempre que o teu barco encalhe
E a vida passe e não te olhe

Porque sou o cavaleiro andante
Que o teu velho medo inventou
Podes vir chorar no meu peito
Pois sabes sempre onde estou

Sempre que a rádio diga
Que a américa roubou a lua
Ou que um louco te persiga
E te chame nomes na rua

Porque sou o que chega e conta
Mentiras que te fazem feliz
E tu vibras com histórias
De viagens que eu nunca fiz

Podes vir chorar no meu peito
Longe de tudo o que é mau
Que eu vou estar sempre ao teu lado
No meu cavalo de pau


carlos tê

sexta-feira, janeiro 23, 2004

 
Após sérios problemas com os comentários do zulu , retomei (espero eu ) o normal decurso blogueiro. Peço desculpa por estes problemas que para além de terem sido alheios à minha vontade, foram também suficientemente transcendentes para que eu os percebesse. A solução, como já devem ter percebido, foi mudar os comentários para outras gentes.

o zulu com comentários está de volta

 
damos às mesmas coisas nomes diferentes
e evitamos lugares comuns como aquele que diz
que " a linguagem é uma fonte de mal entendidos"
para esquecer que nos perdemos dos outros

bastaria no entanto que conhecêssemos
as cidades que há dentro dos nomes
e que não esperássemos qualquer outra coisa
que não fosse percorrê-la juntos

bastaria que iluminássemos a distância
e que deixássemos de chamar escuro à infância
ou infância ao escuro , porque há coisas
que não sabemos nem os nomes que lhes dar


José Rui Teixeira

domingo, janeiro 18, 2004

 
É isso.

Iço-me na tinta.

Mancho as paredes das folhas,
no outono. no inverno.

desloco-me no olhar recortado
das árvores de fruto
proíbidas aos putos.

como um balão de ar quente
sou
um balão de oxigénio
do meu balão de ar quente.

recorto a vista disforme
da vida. cego-a.

essencialmente o respiro

sobretudo na vida disforme
das folhas secas
do outono do inverno

onde me desloco subitamente
de ramo em ramo

sob a forma de palavra.

é isso.



nuno travanca

quinta-feira, janeiro 15, 2004

 
A massificação dos blogs está a acontecer. Tem vindo a acontecer.
Há quem diga que só os melhores hão-de perdurar, mas eu já vi alguns tão bons ficarem pelo caminho. E agora cada dia que acordo vejo mais um , outro e ainda outro.
Hoje vi este : http://cril-alfornelos-ic16.blogspot.com . Se por um lado fiquei contente por ser dada essa função aos blogs, fiquei triste não sei bem porquê. Talvez por achar que mais uma vez a vulgaridade das coisas vai acompanhar, como em tudo, a falta de qualidade. Mas quem sou eu para falar de qualidade...


"ter beijado os pés de cristo não é desculpa para erros de ortografia" Bernardo Soares. zulu acredita numa sociedade ideal , mas não sabe exactamente como ela seria.

 
Um senhor de azul
e de barba por fazer. Aproveita
a época baixa , o desdém
de algum jovem desiludido
para tentar , uma vez mais , o amor.
Passeia sem ninguém a acompanhá-lo.
Dorme pouco. Não teve nada e agora ,
na cidade , basta estender a mão:
os livros estão todos , corpos sempre
aguardam nesse bar conhecido.
Basta passar a porta que o faça feliz.
Por isso ano atrás de ano se veste
de azul , descuída o seu aspecto , fuma ,
e regressa na época baixa
ao lugar afastado. Tal como está.


José Ángel Cillernelo

terça-feira, janeiro 13, 2004

 
" Há homens que perdem a cabeça por mulheres e dão cabo da vida ainda antes de chegarem aos quarenta anos, e há outros que precisam do dobro do tempo para perceberem que tudo isso não passa de um disparate."
in «O Insólito Mr Mee» de Andrew Crumey

segunda-feira, janeiro 12, 2004

 
Vêm aí
ausências

animais violentados

barricados
em túneis
de raiz lenta

imersos no rosto
da imobilidade

fechados
na transição das marés

apaga-se

o lume os filhos
o hábito da claridade

o vento da
semente breve

a saudade


nuno travanca

 
"Ter coragem de acabar quando se quer, é privilégio daqueles que viveram tão intensamente que mais nada os pode afectar."

Sylvia Plath

sexta-feira, janeiro 09, 2004

 
Outrora a casa do festival internacional de banda desenhada, na Amadora, agora é nada mais nada menos do que um armazém onde pilhas de cadeiras e mesas escolares , frigoríficos e mobílias de quarto, entre outros objectos se encontram condicionados.
Está completamente transfigurada a Fábrica da Cultura.

zulu acha que daria uma boa casa. Mobília já há.

 
Em 2002 52mil casais deram o nó.
Em média cada cerimónia alberga 100 convidados portanto os custos dos convidados ascendem a 60 mil euros, admitindo que cada convidado gasta 400 euros com todas as despesas inerentes ao matrimónio.
É a Norte do país que se registam mais casamentos.

zulu abana a cabeça consternado.

quinta-feira, janeiro 08, 2004

 
o corpo afoga os gritos
de um exército

debatendo-se
contra um doloroso abraço

que rendido pelo sangue
depõe as farpas da memória

perfurando a carne
que ao talhante dói fazer nascer

a víscera extraordinária
espelhada nas têmporas , nos dedos ,
no rebate das mãos

para o súbito desencontro
da promessa das águas

e da sombra a acontecer
no ventre ainda quente

da morte.


nuno travanca

 
Esta história das cartas anónimas, denúncias pérfidas, testemunhos de conteúdo dúbio e pouco claro a mim não me dizem nada. No entanto, na hora de envolver o nosso presidente jorge sampaio no escândalo "casa pia" não houve quem estivesse com contemplações: se há cartinha então anexa-se ao processo, comenta-se na televisão, nos jornais e na padaria. A minha questão é simples: no âmbito do processo estão também anexados documentos que direccionam suspeitas para jaime gama, paulo portas , mário e joão soares, cândido mota, vítor de sousa, antónio vitorino ?
A propósito, este filme já o vi noutros países de direita.

zulu aceita novas denúncias para anexar ao processo.

 
O grupo coral de Travanca e de Armamar foi, terça-feira, cantar as Janeiras ao primeiro-ministro.

zulu garante não ter nenhum grupo coral...

terça-feira, janeiro 06, 2004

 
No me olvides que me muero
No! Mi vida es sofrimiento
yo te quiero en mi camino
Por nosotros cambiaba mi destino

Ay, abraza-me esta noche
Aún que no tengas ganas
Prefiero que me mientas

que estropees nuestras vidas
Acerca-te a mi
Abraza-me a ti por dios
Entrega-te a mis brazos

tengo un corazon penando
yo sé que mudo esta escuchando
Con mil lagrimas te quiero
passion...sois mi amor sincero


zulu em trieto com rodrigo leão e lula pena.
trietas.

 
Vamos cantar as janeiras
Vamos cantar as janeiras
Por esses quintais adentro vamos
Às raparigas solteiras

Vamos cantar orvalhadas
Vamos cantar orvalhadas
Por esses quintais adentro vamos
Às raparigas casadas


Vira o vento e muda a sorte
Vira o vento e muda a sorte
Por aqueles olivais perdidos
Foi-se embora o vento norte


Muita neve cai na serra
Muita neve cai na serra
Só se lembra dos caminhos velhos
Quem tem saudades da terra

Quem tem a candeia acesa
Quem tem a candeia acesa
Rabanadas pão e vinho novo
Matava a fome à pobreza

Já nos cansa esta lonjura
Já nos cansa esta lonjura
Só se lembra dos caminhos velhos
Quem anda à noite à'ventura


zulu embuído no espírito do bolo-rei

sexta-feira, janeiro 02, 2004

 
é pelas mães

a fera inaudita
das preces
nos lugares vazios

um ofício de lembranças
do berço
em constante breviário

a calma misteriosa
domada
no dorso passado a mão

secular jóia do nilo
a emanar
extenuante o nascimento



nuno travanca

quinta-feira, janeiro 01, 2004

 
Amas-me na humidade
e és azul em teus mamilos. Falas
suavemente em meus lábios e regressas
à tua prisão na melancolia.



Antonio Gamoneda

 
Adeus 2003!

Olá 2004, vamos tomar um copo? Hoje estás especialmente bonito! Tens namorada?



zulu a passar de ano

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