terça-feira, janeiro 22, 2008
Estou profundamente decepcionado com a tacanhez demagógica e a falta de escrúpulos preconizada pelo Governo Socialista no que concerne à aplicação da lei do tabaco. Fico atónito quando em programas em canal aberto do Estado se defendam coisas a que já nos vamos habituando (alguns de nós) tais como o BEM INEFÁVEL de controlar os hábitos de vida dos Portugueses.
vamos a pontos:
1. Admito que o fumo passivo seja prejudicial à Saúde, bem como admito que o fumo passivo não trará mais do que uma ínfima parte dos malefícios que o AR provoca à Saúde dos não-fumadores.
2. Até agora todos os Cancros intimamente ligados, segundo estes Governantes, ao consumo passivo de tabaco também chamado de fumar em segunda-mão, inequivocamente eram-lhes associados. Pois bem, doravante qualquer Cancro de Pulmão diagnosticado a um não-fumador, por exemplo, ficará a dever-se a causas misteriosas. Talvez a medicina tenha caído na facilidade de imputar todo o mal a este terrível flagelo que é o fumo passivo, mas qualquer pessoa que se abstraia do problema e tente centrar-se nesta questão facilmente se aperceberá que ela tem de facto contornos diferentes daqueles que ora nos são apregoados.
3. A questão dos funcionários sofrerem na pele o infortúnio de serem fumadores passivos, admitindo que não fumam, é demagógica mais uma vez, senão que dirão os portageiros ou os mineiros? Mas, mas, mas... Ok, compreendo que seja discutível, tão discutível como os funcionários das ditas excepções à lei.
4. Há estudos que dizem que o fumo passivo mata prematuramente. Muito bem, e tenho a certeza de que todos os visados no Estudo têm absolutamente os mesmos hábitos. Todos bebem 2 cafés por dia. Todos vêem os mesmos programas na televisão, todos moram à beira das mesmas fábricas, todos bebem da mesma água, fazem o mesmo tipo de alimentação. Em suma, os Estudos Estatísticos são, na minha opinião, uma treta. Mas dou de barato. Gostava que os fundamentalistas desta lei também dessem de barato outros Estudos inversamente conclusivos. Aos quais chamo igualmente inconclusivos.
5. Dizem que o Tabaco traz também benefícios à Saúde, ainda que absolutamente camuflados.
6. Esta Lei é uma Lei populista.
7. Esta Lei é discriminatória e, por isso, à minha vista anti-constitucional.
8. Nos E.U.A. já é em alguns edifícios proibido fumar dentro de casa.
9. O Fast Food importado deste país de parolos e anedotas faz muito bem à Saúde. Pois, mas não interfere com terceiros. Socialmente não interfere? É garantido que se não houvesse estabelecimentos com este objecto de negócio não faria mal à Saúde. É certo.
10. A Coca-cola, esse produto dos Deuses, não faz mal à Saúde. Pois, mas não interfere na Saúde de terceiros. Não prejudica quem voluntariamente não consome. Por esta ordem de razões quem produz estes produtos, potencia através de publicidade enganosa e da sua colocação no mercado o consumo. Multem-se os prevaricadores. A Lista seria infindável e transversal na cadeia de alimentos. Hormonas de crescimento na produção animal e vegetal, adubos, químicos, toda a variedade de poluentes. É que eu, sinceramente, não me exponho propriamente de forma voluntária a estes malefícios. Multem-se os prevaricadores! Tenho a certeza que se poderiam produzir cigarros que não exalassem esta panóplia de agentes malfeitores, e que não prejudicasse a sua inalação, quer fosse ou não fumador. E as características de dependência que alguns produtos têm? Café, tabaco, coca-cola, comprimidos. Pois claro, esta tropa toda está à disposição no mercado mas ninguém é obrigado a adquiri-los. Estão a brincar comigo? Haverá algum alimento, hoje em dia, que entre nas nossas casas e de uma forma ou outra não prejudique a Saúde.
11. As Lareiras, por esta ordem de ideias, são o próximo alvo a abater. Tudo a bem da Saúde.
12. Também não são conclusivos os Estudos que dizem que os cabos de alta tensão provocam doenças, mas também é um tema que a maioria reprovará. Portanto, e já que fizeram o que fizeram, gostava que o Estado passe a ser multado diariamente pela decadência da Saúde das pessoas que moram nas imediações destes equipamentos. Telemóveis idem.
13. Por último, o meu argumento mais escabroso, certamente defendido pelo Professor Pedro Arroja: Se se poupar na Saúde, partindo do pressuposto que estes senhores são sérios e cheios de boas intenções, este Dinheiro será canalizado para pensões de reforma de uma Segurança Social periclitante? Não esquecer que esta Lei fará descer ainda que marginalmente as receitas dos impostos sobre o tabaco que são, significativas. Segundo o Director Geral da Saúde, Dr. Francisco George, os valores de receita equilibram com as despesas com a Saúde que advêm da malfeitoria dos fumadores. Defende-se então uma população envelhecida cheia de saúde, desemprego, inflação galopante e POBREZA. É isto, meus senhores?
14. Não é preciso concordarem comigo, sabem que detesto isso. Mas façam-me o favor de me darem liberdade de expressão sem me censurarem tal qual eu fora um mentecapto asqueroso e criminoso. Obrigados!
zulu fu(r)mador
segunda-feira, janeiro 14, 2008
Ángel González(1922-2008)
CREPÚSCULO, ALBUQUERQUE, INVIERNO
No fue un sueño,
lo vi:
La nieve ardía.
terça-feira, janeiro 08, 2008
"Escrevo como um profissional, à linha, as palavras pouco importam, são ambíguas e inúteis. As palavras não somos nós. E tu, leitor, és um pretexto: testemunha, confidente, cúmplice, vítima ou juiz, jamais nos conheceremos, jamais saberás quem sou, onde te minto, onde chorei, onde nos podíamos ambos rir a bom rir da nossa pavorosa condição de gente morta ou gente que vai morrer."
Luiz Pacheco
Luiz Pacheco
O Luiz Pacheco (1925-2008) é um dos poucos monstros literários que se passeou drasticamente pelo séc. XX.
Muito para além das piadas mendigadas, do passa para cá que eu já lá vou, da figura teatral e incontornável, da ousadia, do jargão que fazia as delícias dos ouvidos habituados a outras guerras e outras submissões, foi um escritor do quotidiano, daquilo que se passa nas nossas barbas e não vemos ou não queremos ver, altamente corrosivo. Às vezes o Belo confundido com o Marginalismo e alguma sanha medieval, ou com aquela sarjeta póstuma que utilizamos nos grelhados. Indubitavelmente um maior entre os maiores, naquele recanto de pedestal onde só moram os que ficam além do seu tempo.
Muito para além das piadas mendigadas, do passa para cá que eu já lá vou, da figura teatral e incontornável, da ousadia, do jargão que fazia as delícias dos ouvidos habituados a outras guerras e outras submissões, foi um escritor do quotidiano, daquilo que se passa nas nossas barbas e não vemos ou não queremos ver, altamente corrosivo. Às vezes o Belo confundido com o Marginalismo e alguma sanha medieval, ou com aquela sarjeta póstuma que utilizamos nos grelhados. Indubitavelmente um maior entre os maiores, naquele recanto de pedestal onde só moram os que ficam além do seu tempo.
quarta-feira, janeiro 02, 2008
a lei do tabaco só não é inacreditável na medida em que, por um lado é dúbia, e por outro porque a mentalidade portuguesa confunde-se com imitações baratas daquilo que os outros têm de pior.
obrigado josé sócrates por quereres controlar as nossas vontades.
de seguida será decretado que todos teremos de fazer jogging e ser uma espécie de engenheiros.
por falar nisso:
zé diogo pá, 1,6gr/l é para meninos! vê lá se foste capaz de superar 3,5gr/l...
isso é que era de forcado, de homem.
ia-me esquecendo: Bom 2008 para miúdos e graúdos! ah e Saludos!
obrigado josé sócrates por quereres controlar as nossas vontades.
de seguida será decretado que todos teremos de fazer jogging e ser uma espécie de engenheiros.
por falar nisso:
zé diogo pá, 1,6gr/l é para meninos! vê lá se foste capaz de superar 3,5gr/l...
isso é que era de forcado, de homem.
ia-me esquecendo: Bom 2008 para miúdos e graúdos! ah e Saludos!
terça-feira, janeiro 01, 2008
à maria khépri
beleza enquanto processo respiratório
ela solve mecanicamente o sangue
quando inspira melancólico outro dia
uma pequena árvore mostra-me as asas
os vôos impróprios que lhe descobre
as luzes ofuscadas do seu límpido sono
e então expira, tal prazo que não li
processa-se ante um corpete apertado
uma respiração dúbia
obstinadamente reflectiram o silêncio
os passeios dos lagos espelhados
a raiva dos campos de batalha
e é esta causa justa que lhe vejo
entre a penumbra
músculos da boca tendem a sorrir
a não sorrir
é inconsolável esta cura que
com as rédeas bem presas
deixa de processar um esteta.
nuno travanca