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segunda-feira, junho 16, 2008

 

Saio à rua, perdão, avenida. Tiro, do bolso esquerdo, um aglomerado de cartões, representantes de empresas e gente óbvia no geral. Rasgo-os ao meio antes de me sentar numa vaga da esplanada do café de esquina. Peço um café e um bagaço. O cheirinho, sou eu que ministro. Nem sempre foi assim.

Lanço uma gargalhada, para ver se pega. Alguns vizinhos de ocasião olham com estranheza, acabam o seu café e zarpam. Disponho em cima da mesa a maquia certa, para o caso de ter que fugir à pressa. As metades dos cartões voltam à baila. Uno-as aleatoriamente com ajuda de fita-cola que trago para estas ocasiões. De alguma forma transformo todas as entidades em cidadelas comerciais muito mais abrangentes. Algumas delas, num óptimo e renovado negócio.

Passam, à frente da esplanada, duas mulheres altas, provavelmente estrangeiras. Tentam comprar-me a ideia. Recuso. Tudo numa linguagem puramente gestual. Aponto para o final da avenida, como quem diz, desapareçam daqui suas mercenárias proxenetas. Solto nova gargalhada. Talvez o riso fosse compreensível. Desceram a avenida, segundo sei sem qualquer rumo.

Peço a um miúdo que me diga as horas, apenas para lhe interromper a mensagem que inscrevia no seu telemóvel topo de gama. Ele diz-me, sem me olhar: três e meia. Sinto estar atrasado. Pressinto que faltei ao encontro no deserto. Suponho que fosse um chá. Levanto-me sorrateiramente para me imiscuir no mundo, e sigo viagem. Amanhã volto.


Comments:
Amanhã faliu.
 
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