segunda-feira, janeiro 22, 2007
Fiama Hasse Pais Brandão (15.08.1938- 19.01.2007)
Dou graças a meus olhos
que apaziguaram o meu cérebro
estarrecido pela literatura.
Outrora era o poder das letras,
a beberagem, o filtro das sílabas
que brotavam em espiral
das páginas dos mestres insanos.
Era eu num alto poço, com o fundo
no topo inverso da minha cabeça,
a sorver o crânio dos antepassados.
Era eu, no mais dentro de uma britadeira
mental, a reunir a fragmentada
palavra una, ventre de todas as palavras.
Hoje ou agora, os meus olhos
são somente como o tacto: apalpam,
marcam, com a sua secreção,
o rebordo de cada objecto, dos seres,
o limite de uma crónica dos dias.
fiama hasse pais brandão
Dou graças a meus olhos
que apaziguaram o meu cérebro
estarrecido pela literatura.
Outrora era o poder das letras,
a beberagem, o filtro das sílabas
que brotavam em espiral
das páginas dos mestres insanos.
Era eu num alto poço, com o fundo
no topo inverso da minha cabeça,
a sorver o crânio dos antepassados.
Era eu, no mais dentro de uma britadeira
mental, a reunir a fragmentada
palavra una, ventre de todas as palavras.
Hoje ou agora, os meus olhos
são somente como o tacto: apalpam,
marcam, com a sua secreção,
o rebordo de cada objecto, dos seres,
o limite de uma crónica dos dias.
fiama hasse pais brandão