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segunda-feira, agosto 18, 2003

 
são vinte pessoas
que podiam ser peixes
dependendo da água ,
da apneia reclusa , inclusa ,
em que desapareceriam.

são pessoas ,
pouco peixes
(que não se observam por aí)
que não se observam.

vivem por aí .
Poluem-nos o olhar.

são os pássaros ,
aparecem e desaparecem
e não as experiências mandibulares.

são a vida horizontal.
que se não vê ,
que ilumina e voa
e não nos dói na boca.

são o beijo
e o livro entreaberto ,
abrupto à saciedade.

são o gesto inerte
que junta os corpos amiúde.

são e não deixam de o ser.
mesmo se o vivermos.

são o calmo torpor
das águas compostas por crianças
e animais disformes.

são o que vestimos ao vento
e nos vinca a personalidade.

são a vontade de imiscuir.

são a chávena do café
que nos faz companhia ao corpo.

o costume de folhearmos os outros.

de os olharmos até à encruzilhada.

de os sentirmos mais , ou menos , longe.
de os querermos como não queremos.

de estarmos sem distância
com os ponteiros oportunos
a faltarem-nos com o tempo.

são o nosso caminho
quando o abandonamos

são o fim de tarde
que destrói o alento
que procuramos incessantemente

e nunca são.


nuno travanca

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