terça-feira, julho 15, 2003
Saíu na colecção 'Terra imóvel', da Asa, a obra poética de João Cabral do Nascimento (1887-1978).
Quantas vezes...
Quantas vezes, na alma, vou de cravo ao peito
E, mentalmente, bebo absinto,
Só porque há sol ou por qualquer outra coisa sem jeito
Que não é nada, nada, e que entretanto eu sinto!
Ou me levanto, à pressa,
Noite a diante, sem maior intuito
Do que escrever um poema ou qualquer coisa como essa
Que não é nada, nada, e que entretanto é muito.
Outras vezes, enfim,
Falo comigo num colóquio mudo
E explico toda a minha vida ou qualquer coisa assim
Que não é nada, nada, e que entretanto é tudo.
João Cabral do Nascimento
Quantas vezes...
Quantas vezes, na alma, vou de cravo ao peito
E, mentalmente, bebo absinto,
Só porque há sol ou por qualquer outra coisa sem jeito
Que não é nada, nada, e que entretanto eu sinto!
Ou me levanto, à pressa,
Noite a diante, sem maior intuito
Do que escrever um poema ou qualquer coisa como essa
Que não é nada, nada, e que entretanto é muito.
Outras vezes, enfim,
Falo comigo num colóquio mudo
E explico toda a minha vida ou qualquer coisa assim
Que não é nada, nada, e que entretanto é tudo.
João Cabral do Nascimento