quarta-feira, julho 23, 2003
Fala poema zulu...
de dia não nos podemos viver.
só na ausência dos outros podemos realmente ser nós próprios,
e mesmo assim nem sempre.
a minha janela dá para uma rua de mar.
só com ondas exangues de gente.
uma ou outra vez reparo existir ,
vivo na cidade e observo.
não é próprio , mas é da minha janela verde , cesariana , que o faço.
sobrevivo, sim.
e tem uma grade pouco segura, a minha janela,
que tento provocar a cada vez que me apoio nela.
persiste intacta, se calhar o meu único limite.
é , azimutes fica mesmo ali ao lado ,
particularmente quando ouvimos um poeta urbano como o jorge.
somos de longe, mais ainda quando estamos perto ,
contemplamos , vivemos como as mulas a que chamamos bois
e apreciamos os pormenores dos palácios numa rua,
noutra rua, e ainda noutra.
estamos aqui por necessidade e não por opção.
afinal, tudo tem o seu sentido. deve ser qualquer coisa destas ,
de uma música fantástica com passos em volta.
arriscaria um voo de flamingo,
mas na cidade confundo-os muito com os néons estridentes
que nos assaltam o campo de visão. nos poluem os olhos.
no entanto, poderia eu viver sem a intermitência das farmácias de serviço ?
tenho muitas e algumas dúvidas.
quem sabe um dia, quem sabe um dia exaspere de vez.
busque as luzes noutra ribalta.
falta de engenho e arte
ou distorcida a habilidade focada noutras apetências mundanas.
os lugares nunca seriam feridas em cesário.
e se fossem seriam rubras.
a umbria jamais seria umbria ,
seria talvez um beco afamado com tons de cinza e odores pútridos.
mas , e na rua , na própria umbria quando nos cruzamos com outros.
algumas não são pessoas , não é ?
temos a esperança, pelo menos de que não sejam.
algumas são malmequeres
e arquitectos de cafés inertes, por existir.
a temperança de alguns olhares existe.
não podem mentir, os olhares.
só as palavras mentem ,
os beijos homicidas que nos dão envenenados.
e sim , há teorias de pavlov aplicáveis aos que nos rodeiam.
aos que partem , e deixam as irmãs , mães e filhas por definir.
choramos o mundo, e os que nele amamos.
que são cada vez menos em inversa relatividade com os nascimentos.
e é a água um recurso escasso , então e os olhares que nos sorriem ?
que se repetem nas nossas palavras mais verdadeiras ?
calai-vos e bebei!
achei que estava a ser inoportuno ou indigesto ,
é que não paguei a nenhum portageiro para entrar.
poderia estar a agir de forma ilícita ,
pôr-me em fuga seria o próximo passo não rebentassem os pirilampos policiais
e os sons de perseguição tão correntes na cidade. e tão insossos.
nuno travanca
de dia não nos podemos viver.
só na ausência dos outros podemos realmente ser nós próprios,
e mesmo assim nem sempre.
a minha janela dá para uma rua de mar.
só com ondas exangues de gente.
uma ou outra vez reparo existir ,
vivo na cidade e observo.
não é próprio , mas é da minha janela verde , cesariana , que o faço.
sobrevivo, sim.
e tem uma grade pouco segura, a minha janela,
que tento provocar a cada vez que me apoio nela.
persiste intacta, se calhar o meu único limite.
é , azimutes fica mesmo ali ao lado ,
particularmente quando ouvimos um poeta urbano como o jorge.
somos de longe, mais ainda quando estamos perto ,
contemplamos , vivemos como as mulas a que chamamos bois
e apreciamos os pormenores dos palácios numa rua,
noutra rua, e ainda noutra.
estamos aqui por necessidade e não por opção.
afinal, tudo tem o seu sentido. deve ser qualquer coisa destas ,
de uma música fantástica com passos em volta.
arriscaria um voo de flamingo,
mas na cidade confundo-os muito com os néons estridentes
que nos assaltam o campo de visão. nos poluem os olhos.
no entanto, poderia eu viver sem a intermitência das farmácias de serviço ?
tenho muitas e algumas dúvidas.
quem sabe um dia, quem sabe um dia exaspere de vez.
busque as luzes noutra ribalta.
falta de engenho e arte
ou distorcida a habilidade focada noutras apetências mundanas.
os lugares nunca seriam feridas em cesário.
e se fossem seriam rubras.
a umbria jamais seria umbria ,
seria talvez um beco afamado com tons de cinza e odores pútridos.
mas , e na rua , na própria umbria quando nos cruzamos com outros.
algumas não são pessoas , não é ?
temos a esperança, pelo menos de que não sejam.
algumas são malmequeres
e arquitectos de cafés inertes, por existir.
a temperança de alguns olhares existe.
não podem mentir, os olhares.
só as palavras mentem ,
os beijos homicidas que nos dão envenenados.
e sim , há teorias de pavlov aplicáveis aos que nos rodeiam.
aos que partem , e deixam as irmãs , mães e filhas por definir.
choramos o mundo, e os que nele amamos.
que são cada vez menos em inversa relatividade com os nascimentos.
e é a água um recurso escasso , então e os olhares que nos sorriem ?
que se repetem nas nossas palavras mais verdadeiras ?
calai-vos e bebei!
achei que estava a ser inoportuno ou indigesto ,
é que não paguei a nenhum portageiro para entrar.
poderia estar a agir de forma ilícita ,
pôr-me em fuga seria o próximo passo não rebentassem os pirilampos policiais
e os sons de perseguição tão correntes na cidade. e tão insossos.
nuno travanca